sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Nasci prematuro

“Por quê?
A pergunta é inevitável: por quê? Tantas mães tem seus filhos, podem deixar o tempo natural ou escolher o dia do parto, podem ouvir o choro logo que nascem, podem beijá-los e tirar aquela linda foto que emociona a todos… por que eu não?
Tantos pais emocionados podem pegar o filho no colo e mostrar para seus familiares e amigos que estão no lado de fora, que tiram fotos e fotos pelo vidro. Tantas comemorações, brindes, felicidade… Tantas mães ganham alta da maternidade junto com seus filhos… por que eu não?
Tantos bebês nascem gordinhos, rosados, tranquilos e vão logo para os braços da mãe, mamam no peito e ganham colinhos e chamegos dos familiares. Por que o meu não?
Por que todo este sofrimento de enfrentar uma UTI, o risco de morte, a vontade de pegar no colo e não poder, a distância, as intervenções, a respiração apavorante,… por quê?
Meu Deus, tem mãe que mata o filho, que dá o filho e eu sofrendo junto com o meu filho para que ele simplesmente viva!!!
Eram muitas coisas que eu me questionava todos os dias… por que eu? Por que meu filho? E então ouvi uma frase que mudou minha maneira de pensar: “não podemos perguntar “por quê”, mas entender “para que?”
Aquela frase fez com que eu parasse para pensar realmente ‘para’ que isso tudo deveria acontecer na minha vida. As respostas vieram e vem até hoje: Para aumentar a minha fé. Para ver que milagres realmente existem. Para mostrar a minha força. Para mostrar a força do meu filho que quer viver. Para aprender a superar desafios. Para compreender que o que eu enfrento não é agradável, mas existem situações muito piores. Para ver o quanto a família e os amigos torcem por nós. Para aumentar ainda mais a minha ligação com o meu filho. Para ter forças de amparar outras mães nos seus momentos de desespero. Para fazer amizades para uma vida inteira com pessoas que ate ali nem imaginávamos que existissem. Para valorizar muito mais cada pequeno momento da vida. Para agradecer a cada dia os avanços da medicina. Para me tornar mais humana e solidária.
Ter um filho prematuro nos faz sermos pessoas diferentes. Não tenho dúvidas disso. Dizem que o amadurecimento só vem com o sofrimento. Acredito que amadureci e que hoje sou melhor do que ontem. Por quê? Por que entendi “para que”…”

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